Havia um pequeno besouro que procurava em um mundo alguém que fosse tão grande, tão grande que um dia andando pelo mundo verde encontrou um homem, um homem branco de cara preta. Um nutriu pelo outro um carinho que não se sabe se de todo, cheio de ternura ou de pavor.
Os dois brincavam de esconde-esconde entre os capins verdinhos que refletiam os raios de sol. Quando o homem tão grande o encontrava, novamente o besouro tratava de caminhar o mais rápido que conseguia e nos espaços entre as plantas e os matos se escondia e mais uma vez a brincadeira começava.
O homem e o besouro nutriam uma relação de carinho que não se entendia tão bem, mais não importava em nada pra eles o que os outros pensavam, se era ternura ou se era pavor, só inportava a eles: o besouro e o homem tão tão grande.
Foto singular de Carol Libério
Homem tão tão grande Layo Bulhão
Conto gentilmente escrito por Didam Hou
Publicado por Ywira Ka'i
Ywira K'ai é o nome tupi que recebi no Quilombo Rampa, que evoca uma Árvore de cura.
Nasci em São Luís/MA e traçei na arte os caminhos para me amocambar e fugir da mira fatídica (da polícia ou das facções) que o/a capital pré-destina quem nasce pobre nas periferias do país. Multiartísta trabalho em diversos campos, integrando no contexto da vida e dos encontros. Cazumba e fazedor de caretas. Professor de Arte por formação. Pai de Sawè. Comunicador da TV Comunidades.
Atualmente moro da zona rural com descendentes do povo Tupinambá e busco ativar memórias coletivas e saberes/fazeres ancestrais através de objetos e diálogos com os anciões da terra e do mar deste lugar.
Diante da pandemia da COVID-19, me movimentei em práticas artesanais para expandir as possibilidades de criação, re-existir e bem-viver. Neste período co-criei a performance visual "adubo para uma árvore" com Yaku Runa Simi (artista indígena caminhante), a animação "tambor satélite", a performance "o abate", as dramaturgias visuais "tradição" e "já sangrou hoje?" com Brena Maria (atriz e dramaturga).
Ver todos os posts por Ywira Ka'i