Sobre a cidade que mora em nós

E quando a fonte jorrar?

E na boca da serpente cair sua água?

E de repente o povo acordará

Onde estão os poetas?

Onde irão se reencontrar

se já cortaram a mangueira

Que viviam a prosear?

Para que tanto carro? 

E a fuligem que cobre as árvores?

Para quê tanta fumaça?

É o trem de minério que invade casas

Inalo metal

Sou água e metal

A todo momento recrutamos narrativas sobre nós e inserimos o outro. Sem distinção. Os seres humanos são assim. Mas a questão deve ser a interação entre todas essas subjetividades em uma determinada região ou de outra forma a imposição de umas narrativas como únicas e verdadeiras. Devemos olhar para dentro, olhar para a maioria, pois também nos perguntemos, o que é ser minoria? Todos os lados são igualmente significativos.  Não é quantitativo quando falamos de seres humanos. Mas enquanto grupo existente no mundo, e assim como os voadores, os nadadores, os rasteiros, os andadores devemos buscar defender o coletivo. Devemos proteger-nos uns aos outros e não violentar corpos, emoções, histórias. Parece estar tudo errado. Mas de longe já viemos e continuaremos resistindo, enquanto rebeldes, residentes e sobreviventes neste planeta branco-canibalesco. O grito dos povos e comunidades tradicionais parece que não é escutado, pois o não ouvir se tornou uma auto proteção destrutiva. Precisamos todos nós repensamos o país que queremos, pois este país fruto do estupro nunca foi a pátria de quem por ele deu o seu sangue. Porém me pergunto como faremos isso se espaços como a Residência 05 fecham por falta de apoio?  

Foram mais de 10 mil leituras realizadas, 10 publicações artesanais mais de 300 crianças alcançadas diretamente em 3 anos de projeto com o Bibliocicleta, Acampamento literário e Biblioteca Comunitária. E o que eu falo é no sentido de perceber os privilégios. Se eu posso colaborar com o outro ali se cria uma corrente. O que fazemos com o nosso tempo? O sonho não é sozinho, ele se faz com o outro.

A cidade nasce do colonialismo e continua a crescer em meio a violência capitalista. A cidade de São Luís nasce da expulsão e genocídio do povo Tupinambá e do trabalho forçado dos africanos, homens do campo e operários que foram escravizados e ainda o são nestas terras.

Houve um grande estupro a natureza deste lugar e quem não percebe está em coma. E quem se observa nascido na selva de pedra, ou concretou-se ou rega-se todos os dias para criar raizes onde já deveriam ter brigado.

Nossos pensamentos (a representação que nos criamos e percebemos retornar) são chave para que nossos corpos habitem qualquer lugar.

A cidade deveria ser pensada a partir da mata e de sua ancestralidade e não o contrário. 

O que nos move a fazer algo é o que vemos no futuro em resposta ao passado que é agora.

Ywyra Ka’i (Árvore Macaco)

Brenna Maria

Tambortnik 1

Nossas ancestralidades. Nosso corpos que habitam novas formas de pensar o universo. Nossas lutas e renascimentos. Nossas sobrevivências em um país erguido em cima do apagamento das referências e histórias negras. Nossos pensamentos sobre um hoje possível. A nossa base é a força de resistência das comunidades. Lançamos no espaço Tambortnik 1.

bicicleta voadora

A algum tempo venho sonhado em fazer uma bicicleta voadora. Acho que porque quando acordo em meus sonhos a primeira coisa que vou fazer é voar. Sobrevoar as cidades. Entre-voar pelo espaço. Dançar, se integrando ao coletivo comum como as andorinhas de Riachão. Busquei perceber de onde essa ideia, um tanto que maluca, veio aparecer.

Lembro que ouvi falar de Ícaro, da Grécia, que colocou asas em si próprio com a ajuda dos próximos. Asas como as de um pássaro e não só. Conseguia voar baixinho batendo as asas. Mas, Ícaro voava por mais tempo, quando subia o morro. Observava a natureza da paisagem e saltava. Voava por algum tempo. Sentia-se pleno e por sentir-se assim, percebeu, não que o mundo era grande, pois nem era, mas que ele era pequeno, mas que junto aos outros era uma multidão. Ícaro, acredito que por não ter uma cola boa em sua época, utilizou cera e sempre que chegava o sol, suas asas derretiam.

Vejo o sol, nesta história como alguém que faz você desacreditar em seus sonhos, por mais simples e impossíveis que sejam. Costumo cantar para minha filha: “Ô dorme e sonha, ô dorme e sonha, com o improvável possível. Aqui e ali, ali e aqui, nada é impossível”, gostaria que essa canção fosse ouvida por todas as crianças pelo menos uma vez.

Da Vinci, ele criou uns desenhos de máquinas voadoras, dizem que seus desenhos são os primeiros Helicópteros¹, eu digo que são poesias. A pouco tempo vi uns rabiscos e uns escritos a mão de Da Vinci. Os desenhos apresentavam estudos sobre os pássaros², ou melhor, sobre o voo dos pássaros, seus movimentos e percursos, formatos, distâncias, angulações, peso, tempo.

Percebo que esse é um bom caminho para conseguir fazer a bicicleta voadora.

Perguntei para Carlinhos, amigo que ama música e aprendeu marcenaria com seu pai, se dava pra fazer uma bicicleta de madeira reciclada, ele disse que sim e que possível e que iríamos fazer, e vamos. Depois pensamos que essa bicicleta de madeira poderia ter uma vela como as de um barco e que poderíamos em um momento de grande vento, abrir a vela e deixar que os ventos nos levassem mais longe. Seria bom para descansar. Uma bicicleta de madeira e héolica. Ficamos imaginado uma rua de repleta de ciclobarcos navegando pelas ruas e desviando dos buracos que são muitos.

Fui em um bambuzal pela primeira vez com o Vô Justino, na lua minguante, para que dure mais e que os cupins não ataquem, pois a ceiva da planta está voltando para as raízes, o que evita o interesse dos insetos. Acabei não observando e cortei um broto, que serve para comer, o mestre Urias disse que é muito bom. Antes de cortar devemos observar se o bambu que iremos cortar está maduro, só depois arremessar o machado. Todo o cuidado deve ser tomado, pois o bambu fica muito afiado quando cortado. Não neste dia, mas por este dias em meio ao bambuzal, tive a ideia de fazer uma bike de bambu e não mais de madeira reciclada. Procurei na internet e encontrei alguns livros em espanhol que ensinavam, mas pouco material livre e em português. Encontrei alguns vídeos, mas não ensinavam com muitos detalhes. Mostravam somente a montagem e sua maioria e pouco dos cortes e tratamento do bambu. Vi que o melhor material para fazer as amarrações das emendas dos bambus, eram de corda de cânhamo pela grande resistência.

Santos Dumont, fui em sua casa na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro. E a primeira coisa que fiz foi procurar os manuscritos e desenhos dele, queria saber como fez seu avião voar. Haviam poucos materiais por lá: algumas fotos, nenhum manuscritos, devem estar em algum museu, mas ninguém por la soube informar. Observei algumas fotos que estavam por lá em detalhes. Os trabalhadores que estavam com ele, eram pessoas bem simples e que pareciam felizes em estarem fazendo aqueles experimentos. Quem não estaria. Observando os projetos já prontos nas fotos, percebi que não eram muito complexos em estrutura, embora os fossem em precisão.

Fico imaginando que estes documentos não estavam acessíveis para que as pessoas comuns não tivessem mesmo a curiosidade/coragem de fazer seu próprio avião em casa. Mas tem sempre um doido querendo voar. Ao ler sobre Santos Dumont o que ele não estava preocupado em patentear nada e que gostaria que outros pudessem usar sua invenção, diferente dos irmãos White que faziam experimentos secretos. Santos Dumont com seu 1,55 m de altura e 50 kg buscava fazer possível o impossível, mesmo ouvindo muitas risadas.

Depois que retornei a São Luís, comentei, com amigos, sobre o que vi na casa de Santos Dumont, pessoas iguais a gente e que acreditam e dão asas aos sonhos das outras. Na Biblioteca Comunitária da Residência 05 chegou um livro sobre a historia de Santos Dumont e o que mais me chamou a a atenção nem foi o 14 Bis, mas seu projeto de ultraleve número 20, feito com asas de bambu como seda japonesa e que voava a 6 m do chão a uma velocidade de 100 km/h com um motor de 2 cilindros 20 cavalos somente. E o mais interessante era que parecia uma bike voadora, vejam só.

Gostaria mesmo de fazer uma bicicleta voadora. Hoje, faço voar histórias através das Bibliocicletas que rodam pelas ruas e pousam sobre os olhares atentos de quem quiser voar junto. Gosto mesmo de sair por aí levando poesia e histórias de esperança para as pessoas, em todos os lugares. Queria dizer para Santos Dumont que a invenção que ele iniciou, está sendo utilizada para transmitir esperança, amor, liberdade e paz para as pessoas. Gostaria de convidá-lo para voar com as Bibliocicletas e já voa, distribuindo a possibilidade de sonhar e imaginar e para todxs. Não em Paris/França, mas nas periferias/invasões da cidade de São Luís/Maranhão.

pequeno cazumba

Os Cazumbas parecem com bichos, mas não são bichos, não bichos como: cavalos, patos, onças, macacos… são outros tipos espíritos.

O primeiro brinquedo que o Pequeno Cazumba ganha de presente, ainda neném, é uma maracá.

Mas daí você me pergunta, porque não é um sino, já que é este que ele usa para dançar nas festas para ressuscitar o boi?

O Pequeno Cazumba é na verdade um curumim (criança indígena), que vai crescendo e aprendendo a viver em harmonia com a natureza, com os animais, as plantas e os ciclos de vida com suas forças de ancestralidade e tradição.

Depois de grande, o Pequeno Cazumba, se torna um Pajé, aquele que tem grande conhecimento sobre a vida. O Pajé é o responsável por trazer a cura para as pessoas na Aldeia, através do uso de plantas de medicinais, de sua sabedoria, músicas e diálogo com os espíritos da floresta.

O Cazumba é a forma mais segura que os Pajés, encontraram para entrar em contato com os Pariwat (não-índio) e trazer a cura para aqueles que a mais de quinhentos anos vem destruindo a natureza que os povos originários cuidavam tão bem, a muitos e muitos anos.

O Cazumba utiliza o sino para falar com o boi, pois é a música que o boi entende.

O Louva-deus

Ele mirou nos meus olhos e fez uns movimentos leves, esquivava-se, estava pronto para se defender ou pular fora dali. Alguns momentos ele perecia ter quatro olhos que giravam ao redor de si mesmos, quatro pontinhos rodopiantes naquela cabecinha triangular que muito dizia. Me dizia coisas sobre proteger e sobre amar e sobreviver. Passamos muitos momentos conversando. Falei que havia visto um vídeos uma vez que a fêmea de sua espécie comia sua cabeça na hora do coito. Dançamos. Subiu em meu ombro. Subiu em minha cabeça. Andamos de bike. Falei que seria melhor ficar por ali no riozinho, que a cidade é muito ruim, tem carros, motos e máquinas, tem portos e bases que destoem comunidades, tem poluição do ar e do mar, tem sujeira por toda parte, as pessoas não respeitam o saber da natureza e dos povos indígenas, não percebem que todas nossa natureza está sendo destruída em 500 anos e que foi protegida a milênios por estes povos evoluídos. O que vale é o dinheiro, mas ninguém come dinheiro. Ao sair daqui não poderei te proteger contra ganância do capitalismo que leva as pessoas a derrubarem juçarais, buritizais e ecoarem esgotos para os rios. Lá fora, meu amigo, gritamos nas ruas sobre a necessidade de lutarmos juntos, mas parece que ninguém escuta. Não dá para entender. Pouco depois ele voltou pra mata, com seu corpo verde, suas mãos esquivas e suas quatro patas firmes para um pulo certeiro ao lugar que ainda pode estar e sobreviver, ou quem sabe, só queria uma carona para um encontro marcado para louvar-a-deusa-mãe-natureza. Seguimos nossos caminhos.

Ouvi em um tempo não muito distante e como uma imposição necessária e visionária que: “não se deve confundir trabalho com a vida”. Para mim essa e uma afirmação não-válida. Minha vida/trabalho/arte são as próprias essência de viver. As pessoas que pensam separar a vida de seus trabalhos estão, a meu ver, fortemente equivocadas. Sua vida acontece em qualquer lugar, no trabalho ou no lazer. Agora que seu trabalho for um peso, ou deixe que isso te esmague ou abandone.

Manual de instruções para insetos

Dia 13.

Assim começa minha história. Eu sou um inseto. Sei disso, pois no meu Feijão tem uma carta de minha mãe com o MII (Manual de Instruções Instintivas).

Meu nome completo é… deixa eu ver aqui…

Filho, tudo bem? Espero que sim.

Seu nome é Acanthoscelides obtectus, conhecido como pelos outros como Caruncho, Gorgulho e eu te chamo de Gorgú 360.

Nossa família vem de Portugal, mas hoje habitamos o Brasil. Nos chamam de pragas e chegamos aqui a uns 528 anos humanos ocidentais.

O Manual de Instruções Instintivas diz:

  1. Atualmente você é uma larva. Irá se transformar em besouro, mas antes encha o bucho de feijão e fique quietinho até que seu corpo de transforme em um casulo.
  1. Siga as instruções na hora que virar besouro.
  2. Espere o casulo ficar com rachaduras para poder sair.
  3. Caso veja as rachaduras comece a dar cabeçadas para facilitar o processo.
  4. Depois, se estiver com fome pode comer seu casulo e o feijão que você esta dentro.
  5. Você possuirá asas e poderá voar.
  6. Em caso de perigo, dê um pulo alto e grite, isso fará você escapar de predadores.
  7. Os humanos são nosso maiores predadores. São seres que nos devoram, mesmo quando ainda estamos no casulo. Mas não fique preocupado. Você é uma larva que está na lavoura.
  8. Somos uma espécia de insetos evoluídos.

Querido Gorgú 360, você tem 12 dias de vida depois que se transformar em besouro, aproveite.

….

O quÊEEEE?! 12 dias?

Não quero virar besouro.

Mas tenho muita fome.

Depois de comer está dando um sono.

Não vou dormir. Não vou dormir. Dormi.

Droga, acordei e já estou no casulo.

Isso está acontecendo muito rápido.

Rachaduras?! Não… não… não…

Tenho asas, que de mais!!

Mas como elas funcionam?

Vou sair desse feijão.

O que é esse negócio branco depois do feijão? Esse deve ser o céu?

Que estranho faz uma zoada. Mamãe não falou algo sobre isso.

Observação no canto da página:

Gorgúzito, caso você veja o céu azul e branco, ainda estarás na lavoura. É um lugar lindo e que fácil encontrará a mata verde para explorar o mundo. Mas lembre-se que tem que encontrar umx parceirx antes de 12 dias. Mas se por outro lado, no momento em que sair do templo sagrado feijoesco, olhar somente branco e esse branco fizer um som estridente, estarás dentro de uma sacola. Clame pelo Mosquito Expedito e fique esperando. Se abrirem a sacola, voe como um louco e saia daí. Meu desejo de mãe é que você seja um Caruncho do Feijão forte e que aproveite muito sua pequena existência.

Carpe diem.

86400 Segundos do Dia 12,

Mamãe Caruncho.

… 7 dias depois.

Ouvi uma barulho. Nada.

… 10 dias depois.

Tem um som e um movimento. Vai Abri. Vai Abrir… voar voar voar… sai.

[Gorgú 60 pousou na parede de um banheiro e observa o ambiente tentando entender aquele outro ambiente. Entra um homem no banheiro e senta na privada. Pega o celular e observa algumas imagens. Chora pensando na atual situação de seu país. Um presidente fascista, racista, homofóbico e com traços nazistas é eleito. Este é momento onde os dois se observam. Os dois pensam ao mesmo tempo, “onde estou?”]

[Os dois seguem suas vidas resistindo.]

Você tem alicerce ou raízes?

curcuma_layobulhaoCada vez mais observo a selva de pedra ficar vazia. Natureza indo em bora, se acabando em sua beleza mais pura: Bichos são extintos, estão indo embora, plantas são extintas, estão indo embora, pessoas são extintas, estão indo embora e quase sempre para emoldurar um ego de parte dos seres humanus-metalicus, humanus-concretus, humanus-branquitus, humanus-eliticus, humanus-destructus. Como acabar esse marco Capitalista da existência humana para iniciarmos um outro smarco? Quem sabe alguns humanus-conectatus pela internet e percebendo as potencialidades do todo, começam a emanar idasações para gerar outro marco ou sair daqueles ao que foi naturalmente originário e nunca antes foi percebido. Desde o inicio da exploração (chegada) os humanus-violentus à terra sem males e tornada Brasil, tudo foi sendo destruído.

Aqui eram terras compartilhadas entres o diversos grupos de humanus-natureziaes,

E já existiam flores lgbtqi+, arvores-feminicistae, humanus-africanus, nem sempre o que é contado deve ser associado a sua própria existência, precisamos entrar confrontando com as nossas atitudes, se mais de um grupo humano diz: “isso me faz mal, destrói as pessoas ou a natureza, então pare repetir”. Parece tão simples, né?! se parecer a você, fico feliz. Mas me preocupo com todos os outros de humanos que não compreendem que o erro está neles próprios e não assumiram suas necessidades de consumir mais produtos, mais plásticos, mais violência, mais individualismo, mais drogas, mais depressão, mais isolamento e, que muito mais do que a maioria dos humanus, deseja somete ficar em paz, viver mais, comer melhor, respirar melhor, se conectar com suas entidades divinas e com a natureza de boa, só querem poder sentar debaixo de uma árvore, banhar em um rio não poluído, beber água de uma nascente, ver seu filho crescer ao lado, sem ter que ser explorado pela industria de vazio, até torná-lo vazio de cultura, vazio de humanidade, vazio de natureza, vazio de amor ao próximo.

Eu só não nasci na aldeia, Irmão. E me negaram saber de onde meus parente são.

O mundo está muito virado então, vejo todos os dias a injustiça acontecer, pessoas sendo mortas por serem ou pensarem de determinada forma, o que só cabe a existência dela própria perceber.

Toda posição, em qualquer grupo deve ser horizontal e sem ondulações percebendo cada existência como única e com igual valor a de todos. Se alguém está em uma determinada posição (política por exemplo), não quer dizer que a pessoas tem que receber facilitações, mas que vai receber apontamentos, direcionamentos daqueles que irá está ao lado, para seguirem juntos. Fazer sozinho e somente para o seu bem ou de seu grupo unicamente, não é postura de humanus-correctus, isso é egoismo.

A sociedade de concreto deveria observar as culturas ancestrais para perceber a plenitude do comunitário, do compartilhado, do reciproco no existir em yby terra, com plantas, animais, elementos da natureza.

Você tem alicerce ou tem raízes?

Para quem não nasce na aldeia ou no quilombo, basta r-existir, crescer como árvores quebrando o concreto, mesmo que não tenha a certeza de onde veio a semente que te gerou.

AWÁ B.

Máscaras Esculturas Africanas 2018

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Hoje entrei no CCVM para ver a exposição Africana – o dialogo das formas.

Foram muitas as reações que vivenciei.

Em relação a energia do espaço, muito carregada e não seria diferente, pois cada máscara ou objeto ali presente carrega a sua história, ancestralidade e espiritualidade. mas surgem diversas perguntas: quantos objetos destes ali foram roubados das comunidades? qual o respeito colocado na exposição quanto a relação destes objetos com descendentes africanos em São Luís? essas peças não deveriam estar nos rituais e em suas comunidades? não serão algumas destas sagradas?

Fui com um amigo que seu orixá estava presentificado em uma máscara e com o respeito a sua espiritualidade houve um toque no mesmo. O vigia da exposição veio falar que não poderia tocar nas peças, daí lhe fiz a seguinte afirmação: Essas peças todas são nossas, foram roubadas de nossa cultura e de nossos povos. Creio que cada toque deve ser interpretado a sua maneiras e todos devem ser respeitados em suas culturas.

O vigia disse: São normas dos superiores, mas deixe essa sugestão no balcão.

A exposição é um grande encontro de povos, se eles desejam estar ali já é outra questão.

Acredito que cada peça, deveria ter um descrição um pouco maior que somente seu titulo e provável origem. Há muito o que melhorar, mas trazer essa exposição para nossa terra também traz muita reflexão a cerca de nossas origens como nação negra.

 

Biblioteca Comunitária da periferia de São Luís Indicada a Prêmio Nacional de incentivo a leitura

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Foi anunciado hoje a indicação do Projeto “Bibliocicleta: Posso Fazer uma Leitura?” da Biblioteca Comunitária da Residência 05 para a final do 3º Prêmio IPL – Retratos da Leitura. O prêmio busca dar destaque a iniciativas em diversas áreas em torno do livro e do incentivo à leitura do Brasil. Este ano se inscreveram 150 projeto de 24 estados e somente 41 projetos foram selecionados para a etapa final do prêmio, onde serão premiados 3 projetos em 4 categorias diferentes.

Nunca havia sido indicado um projeto maranhense e vale ressaltar que este é um dos mais importantes prêmios do País para uma Biblioteca.” 

Foram inscritos projetos de 24 estados e somente 10 foram selecionados na categoria biblioteca. Um representante da BC da Residência 05 estará em  São Paulo no dia 10 de Dezembro para a cerimônia de encontros e celebração . 

SOBRE A BIBLIOTECA:

A Biblioteca da Residência 05 fica situada da Cidade Olímpica, periferia de São Luís. Surgiu a 3 anos a partir da necessidade da própria comunidade e funciona através de voluntariado. O nome foi escolhido pelo fato curioso dela funcionar dentro de uma casa, isso mesmo, a Biblioteca Comunitária da Residência 05 é uma casa aberta à comunidade e todos podem se reunir para fazer oficinas, trabalhos, receberem uma leitura ou levar um livro emprestado. A Residência 05 é integrante da RNBC – Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias que atualmente tem 114 bibliotecas em todo o país. As pessoas podem colaborar com o projeto a partir de doações de livros, equipamentos ou serem  financiadores como socixs-amigx da biblioteca.

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A Plataforma Pro Livro é uma ferramenta para orientar e acolher a inscrição de projetos para o Prêmio IPL – Retratos da Leitura, e, para divulgar e qualificar os projetos premiados. Busca oferecer um mapeamento de ações de promoção da leitura e formação leitora desenvolvidas em todo o país – pelo governo ou pela sociedade civil – para valorizar, divulgar e possibilitar o acesso e o intercâmbio de experiências, estudos e ideias.

Link para site do IPL – Retratos da Leitura

http://plataforma.prolivro.org.br/instituto-pro-livro-apresenta-os-finalistas-da-3a-edicao-do-premio-ipl-retratos-da-leitura/

Contato: (98) 981767891 | 981194420 residenciazerocinco@gmail.com

www.instagram.com/residencia05

Endereço: Rua 02, Quadra I, Bloco A – Residência 05 – Cidade Olímpica.

Funciona de diariamente sem horário pré-definido.

o pobre

o pobre tem o aspecto humilde, sem bens ou sem a necessidade existencial dele. agrega a si somente o lhe traz memória. compartilha seus pensamentos e criações de forma livre e espontânea. acredita que quantos mais sonhos bons geramos no mundo, mais ele se transforma em um lugar melhor. não mentir é um principio da terra. busca o máximo de transparência, leveza e clareza na relação com os outros. atencioso, prestativo, amigo, companheiro à artista e louco. arteducador do lixo, produz comunicação a partir de lixos dos outros: caixas de leite são vasos para plantas ou mascaras, garrafas pet são peixes iluminados, carros, ideias simples em movimentos de alegria, sonhos em multiplicação de sonhos em realidade. o pobre caminha com seus pés descalços para sentir a energia da terra. busca se alimentar somente do que a própria natureza lhe dá sem precisar tirar a vida de outro ser, mas percebe cada ambiente para pronunciar sua forma de pensar ou não. colorido, ou terroso e seu espirito é livre para transitar entre as varias cores de deus e mesmo sobre sua própria ausência. “sem diálogo não há comunicação, haverá somente imposição”. sua moradia é onde estiver, respeitando o espaço do outro e o seu. reconhece seus erros, pede perdão. o pobre deve ser escutado, pois somente os ricos querem ter voz. o pobre chora e acolhe quem esta chorando. todos são iguais é obvio pra ele. o pobre somente quer ser exemplo para ele mesmo. o pobre quer entender a vida, por outros meio possíveis, e diferentes dos que já foram impostos por livrinhos de histórias dos ricos brancos europeus. O pobre só quer livros para sua biblioteca comunitária, compartilhar histórias e seguir seu caminho de boa, sem esbarrar nem ocupar o espaço de ninguém. a menos que seja nesta fricção, onde nossos pensamentos se cruzam nas mesmas palavras. só o amor importa. O pobre traz em seu olhar a certeza de que estará tudo bem, independente da imposição do outro. Estará tudo bem.

Dia 13.

Assim começa minha história. Eu sou um inseto. Sei disso, pois no meu Feijão tem uma carta de minha mãe com o MII (Manual de Instruções Instintivas).
Meu nome completo é… deixa eu ver aqui…

Filho, tudo bem? Espero que sim. Seu nome é Acanthoscelides obtectus, conhecido como pelos outros como Caruncho, Gorgulho e eu te chamo de Gorgú 60. Nossa família vem de Portugal, mas hoje habitamos o Brasil. Nos chamam de pragas e chegamos aqui a uns 528 anos humanos ocidentais.

Este é seu Manual de Instruções Instintivas:

  1. Atualmente você é uma larva. Irá se transformar em besouro, mas antes encha o bucho de feijão e fique quietinho até que seu corpo de transforme em um casulo.
  1. Siga as instruções na hora que virar besouro.
  2. Espere o casulo ficar com rachaduras para poder sair.
  3. Caso veja as rachaduras comece a dar cabeçadas para facilitar o processo.
  4. Depois, se estiver com fome pode comer seu casulo e o feijão que você esta dentro.
  5. Você possuirá asas e poderá voar.
  6. Em caso de perigo, dê um pulo alto e grite, isso fará você escapar de predadores.
  7. Os humanos são nosso maiores predadores. São seres que nos devoram, mesmo quando ainda estamos no casulo. Mas não fique preocupado. Você é uma larva que está na lavoura.
  8. Somos uma espécia de insetos evoluídos.

Querido Gorgú 60, você tem 12 dias de vida depois que se transformar em besouro, aproveite…
O quÊEEEE?! 12 dias?
Não quero virar besouro.
Mas tenho muita fome.
Depois de comer está dando um sono.
Não vou dormir. Não vou dormir. Dormi.
Droga, acordei e já estou no casulo.
Isso está acontecendo muito rápido.
Rachaduras?! Não… não… não…
Tenho asas, que de mais!!
Mas como elas funcionam?
Vou sair desse feijão.
O que é esse negócio branco depois do feijão? Esse deve ser o céu?
Que estranho faz uma zoada. Mamãe falou algo sobre isso.
Observação no canto da página:

Gorgúzito, caso você veja o céu azul e branco, ainda estarás na larvoura. É um lugar lindo e que fácil encontrará a mata verde para explorar o mundo. Mas lembre-se que tem que encontrar umx parceirx antes de 12 dias. Mas se por outro lado, no momento em que sair do templo sagrado feijoesco, olhar somente branco e esse branco fizer um som estridente, estarás dentro de uma sacola. Clame pelo Mosquito Expedito e fique esperando. Se abrirem a sacola, voe como um louco e saia daí. Meu desejo de mãe é que você seja um Caruncho do Feijão forte e que aproveite muito sua existência.
Carpe diem.
86400 Segundos do Dia 12,
Mamãe Caruncho.
7 dias depois.
Ouvi uma barulho. Nada.
10 dias depois.
Tem um som e um movimento. Vai Abri. Vai Abrir… voar voar voar… saí.
[Gorgú voou pela casa e pousou na parede de um banheiro. Observa o ambiente tentando entender aquele lugar. Entra um homem no banheiro e senta na privada. Pega o celular e observa algumas imagens. Chora pensando na atual situação de seu país. Um presidente fascista, racista, homofóbico e com traços nazistas é eleito. Este é momento onde os dois se observam. Os dois pensam ao mesmo tempo, “onde estou?”]
[Os dois seguem suas vidas resistindo.]

Dia 13.

Os pássaros de garrafa pet

 

 

Dois corpos caminham sobre a praia do Araçagi.

Um olhar de relance. Pássaros de garrafas pet se arremessam no voo.

Um engano. Os pássaros continuam parados na areia.

O arremesso veio das mãos de outro corpo – dito humano.

Quem vê o voo sonha acordado com 500 anos à frente.

Mas, a 500 anos antes deste pouso, na orla, só voavam aves, mesmo de relance.

 

escrito e desenhado para Carolina Libério

Por que #FORA TEMER!?

Primeiramente, Fora Temer.

Para acessar a Constituição “completa” ou re-emendada clique em Frankenstein

Existem muitas Ementas Constitucionais que são feitas a partir de Propostas de Emendas Constitucionais (ou seja as PEC). Essas emendas podem ser solicitadas por: 1. por um terço dos Deputados ou Senadores (no caso, no Brasil atualmente 2016, estamos com essa quantidade de golpistas Parlamentares (Senadores e Deputados Estaduais), que tiraram a presidenta Dilma e colocaram o vice Golpista Michel Temer #FORATEMER. Fizeram isso, alegando “Crime de Responsabilidade” contra o estado ou as “Pedaladas Fiscais” e o que foram as pedaladas fiscais de Dilma? Foi o atraso de forma proposital do repasse de dinheiro para bancos (públicos e também privados) e autarquias, como o INSS. Esse atraso foi feito para o pagamento dos programas sociais como o Bolsa Família. Outros Presidentes já fizeram esse movimento antes, mas não foram retirados por isso. Essa retirada da presidente eleita pelo povo é chamado Impeachment, mas que neste caso é chamada de Golpe.

Logo depois de tirarem a Dilma o Parlamento Golpista APROVA UMA LEI QUE LEGALIZA AS PEDALADAS Lei 13.332/2016, se isso é verdade? é sim! ISSO É GOLPE. ISSO É PARLAMENTO GOLPISTA. POR ISSO #FORATEMER!

Depois congelando os gastos em direito fundamentais: Educação, Saúde, Assistência Social, Cultura… e salario do parlamento? Reforma da previdência para 65 anos? Tem que reformar a aposentadoria dos políticos primeiro.

Em menos de quatro meses deste GOLPE PARLAMENTAR NO BRASIL ele tenta de todas as formas alterar a constituição com as PEC (Proposta de Emenda Constitucional), mas não para sanar falhas que prejudiquem o povo, mas para diminuir os gastos com a Educação, a Saúde e a Assistência Social por 20 anos, isso 20 anos com o mesmo valor, que já é insuficiente, sem investimentos para as atividades que são a finalidade de um País. Essa é a PEC 241 que já foi aprovada no 1º de dois turnos pelos parlamentares. Eles dizem que é para melhorar a situação econômica do país, mas como assim? deixando o povo sem Educação, sem Saúde e sem Assistência Social? Todos sabemos que o valor é insuficiente, deveria aumentar, não congelar.

O que eles os parlamentares (em sua maioria), o golpista Temer, a TV Globo e outras mídias golpistas, as empreiteiras, as multinacionais, e quem mais estiver por traz disso é patrocinar Banqueiros com verba público que sai de nosso suor e trabalho digno. O que eles querem é permanecer com privilégios, enquanto a maioria da população, cerca de 99% quer que a riqueza do país seja igual distribuída para todos de acordo com as necessidade de cada lugar e especificidades.

Não podemos deixar que esse governo golpista continue na Presidência do Brasil.

VAMOS PARAR BRASIL! SAIR PELAS RUAS ATÉ QUE NOSSOS DIREITOS SEJAM GARANTIDOS! #FORATEMER

Para saber mais sobre a PEC 241:

O que é desumano?

Não há espaço para nada.

Hoje li em um cometário de Facebook que tocar fogo em ônibus que é desumano. Desumano tocar fogo em ônibus? Desumano é a falta de respeito com a vida, com o outro. O governo e não somente o governo não olham para estas pessoas como humanas. Educação precária para as periferias e mais da metade das pessoas analfabetas, sem saber mal escrever seus nomes. Desumano não é tocar fogo em ônibus. Desumano é desconhecer no sofrimento do outro a desumanidade. Desumano é nem ensinar os direitos que temos como cidadão. Desumano é acumular gente como objetos descartáveis. Desumano é acreditar que o outro não pode ser diferente se der oportunidade, e o oportunidade não é o que vemos nos presídios, se é que vemos ou estamos sempre mascarados de civilizados. Civilizados os que desmatam. Civilizados os que cortam os gastos para a educação, cultura, saúde. Civilizados os que usam o sangue dos índios para fazerem hidrelétricas. Civilizados os quem governa. Civilizados os que amamentam empreiteiras com o leite do povo. Civilizados os que buscam o progresso na destruição dos rios, mata, cultura, e comunidades. Civilizados o que põem ordem num país de liberdade onde todos deveriam andar nus.

Na foto uma imagem eleitores que são obrigados a votar em governos sem responsabilidade com o povo. Pedrinhas/MA. Tem que revezar o espaço de sentar e ficar deitado. Quase não há espaço para respirar. Não podemos mais suportar tal desrespeito com a vida! Cade o Governador que não faz nada? e o secretário de direitos humanos? cadê a consciência? Cadê o humano?

Esse é um dialogo sobre ausências de direitos básicos para a vida ou, sobre como o governo vê seu seu eleitor. Ou quem está fora das penitenciarias, se acha diferente?

ONDE ESTÁ O DIREITO HUMANO?

ONDE ESTÁ O GOVERNADOR?

ONDE ESTÁ O SECRETÁRIO DE DIREITOS HUMANOS?

os invisíveis

os invisíveis querem uma nova educação que fale a verdade, onde os povos ancestrais desta terra, os nativos, sejam chamados pelos nomes, onde os verdadeiro guerreiros e heróis sejam anunciados como tal e não como vândalos ou farrapos, onde educação seja para todos e que não se prive conhecimentos e não se limitem os saberes nas mãos de poucos, assim como o poder, os invisíveis querem outras maneiras de se viver a democracia sem corrupção ou sem políticos que não representem, mas que sejam povo, eles querem bibliotecas em todos os bairros, eles querem poder votar e discutir juntos os planos diretores da cidade, do estado, do país, eles não querem ser mais enganados, essa comunidade invisível, quer cadeias humanas, onde as pessoas sejam tratadas com dignidade e com respeito, para que saiam de lá com valores que não sejam somente de morte ou de desamor, eles querem poder sair nas ruas e pararem os trânsitos sem levar balas de borrachas ou sendo tratados como terroristas ou com indiferença diante dos seus problemas ou dos problemas da comunidade, eles querem prefeitos que estejam com seus gabinetes nas praças públicas diariamente , os invisíveis querem ser ouvidos e ouvir, exceto enganação, eles querem natureza e não industrias de cimento ou portos que destruam manguezais comunidades e memórias, eles querem o bem coletivo acima do enriquecimento individual, eles querem entendimento em vez de indiferença, eles, os invisíveis, estão se multiplicando, não como a peste do mundo, mas como a peste da peste, eles não se cansarão de lutar por seus ideais, que vão além do próprio bem estar de sua comunidade, mas para todos, eles acreditam sempre outros em suas comunidade invisível, eles querem compartilhar, em vez ocultar ou esconder, eles quem dialogar e entender o outro, eles entendem que o outro é fundamental, sim eles acreditam em harmonia, sim eles acreditam que podemos viver sem destruir a natureza, sim eles acreditam que podemos viver sem destruir a natureza, sim eles acreditam que podemos viver sem estarmos trancados nas cadeias de nossas próprias casas, sim eles acreditam que esta sociedade pode viver sem cercas elétricas, os invisíveis não poluem os rios, preservam os mares e tentam dizer aos outros que isso é possível, eles, os invisíveis não possuem um rosto, pois acreditam que todos deveriam ser invisíveis, eles invertem os padrões estabelecidos por machismos, racismos, capitalismos, maquinismos ou qualquer outro meio de opressão, eles querem perverter a ideia fixa e fazê-la fluida e colaborativa dentro de uma sociedade que muda o tempo todo, eles e não outros podem fazer com que isso aconteça, eles fazem microrevoluções em seus bairros em suas casas em suas cidades e desejam que outros invisíveis olhem e percebam que também são desta comunidade invisível e trabalhem juntos lado a lado para que tudo seja diferente e igual para todos, sem privilégios para alguns e eles sabem que isso existe, eles querem ouvir ver sentir que outros invisíveis estão com eles, pois juntos podemos ser mais que uma comunidade, mas comunidades, cidades, estados, sociedades de invisíveis, os invisíveis usam todas as fardas e não vemos nenhuma, eles dizem porque tem voz, e mesmo que não fala escrevem e, os que não escrevem fazem ou estão juntos, os invisíveis podem mudar tudo acreditam juntos estar errado e que não irá fazer bem a si ou ao outro, os invisíveis são esta a nova sociedade, são esta a  velha sociedade, eles tem culturas invisíveis, os invisíveis estão pensando no futuro e acreditando num presente diferente dos que nos catequizaram como ser o único possível, na verdade, eles não são catequizados por nada, eles são livres, eles não se limitam, eles pensam em todos, pois entendem que esse todos são eles também, os invisíveis tem diversas profissões, eles não se envergonham do que foram, mas vislumbram sempre um lugar de aprendizagem mútua com o outro, não se isolam em suas cápsulas de egoísmos, eles dialogam, eles abominam violência, eles não se contentam com desigualdade, eles se espelham nos bons exemplos, eles se alimentam de todas culturas, línguas, artes, políticas e não ignoram o saber tradicional e nem o contemporâneo, eles mesclam, misturam e transformam os saberes todos, para identificar novas formas de viver em coletividade, eles, os invisíveis são gente, na verdade a gente somos (1), são animais e são plantas e são espíritos, os invisíveis tem vários formas, vários corpos, vários olhos, vários gestos, vários pensamentos, varias subjetividades e varias intensidades de expressão (2), eles são estas estranhas criaturas da noite (3), do dia,  das horas, eles compreendem que o agora é um tempo urgente para que tenham sempre um agora habitável, um agora possível, um agora para banhar nas praias limpas, um agora para não comer agrotóxicos, um agora para não termos lamas sobre nossas casas e sobre nossas histórias e memórias, eles, nessa comunidade invisível querem um agora e não um lamento por não ter tentado, eles querem um agora para verem seus filhos respirando um ar puro e sem partículas de minério, eles acreditam no possível, eles acreditam na possibilidade real de um bem-estar mútuo e verdadeiro,  sem ideologia, eles acreditam que tudo pode ser melhor para todos agora.

(1) - Daniel Munduruku, Histórias Que Eu Ouvi e Gosto de Contar (autor indígena).
(2) - ROLNIK - Suely - pensar o corpo vibrátil (baixar aquivo)
(pensadora brasileira)
(3) - Estranhas criaturas da noite, Carolina Libério (artista maranhense).

um corpo com plumas no meio da sala

O Besouro e o Homem tão tão grande

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Havia um pequeno besouro que procurava em um mundo alguém que fosse tão grande, tão grande que um dia andando pelo mundo verde encontrou um homem, um homem branco de cara preta. Um nutriu pelo outro um carinho que não se sabe se de todo, cheio de ternura ou de pavor.
Os dois brincavam de esconde-esconde entre os capins verdinhos que refletiam os raios de sol. Quando o homem tão grande o encontrava, novamente o besouro tratava de caminhar o mais rápido que conseguia e nos espaços entre as plantas e os matos se escondia e mais uma vez a brincadeira começava.
O homem e o besouro nutriam uma relação de carinho que não se entendia tão bem, mais não importava em nada pra eles o que os outros pensavam, se era ternura ou se era pavor, só inportava a eles: o besouro e o homem tão tão grande.

Foto singular de Carol Libério
Homem tão tão grande Layo Bulhão
Conto gentilmente escrito por Didam Hou

UMA MÁSCARA DE DUAS ETNIAS? (Artigo)

Resumo:
O presente trabalho consiste em realizar uma análise das características estéticas e etnográficas da máscara classificada como Punu-Baulé que compõe o acervo da Cafua das Mercês/MA. Busca firmar a origem desta obra como sendo, somente, da Etnia Punu, revelando as características da produção estilísticas das duas etnias em paralelo com a obra. Apresenta-se também a reflexão sobre as formas de exposição e de conservação inapropriadas para estes artefatos e obras históricas que compõem este museu.
Palavras-chave: máscara Punu, origem etnográfica, Cafua das Mercês. 

1. Introdução
Este artigo apresenta busca recriar o ambiente característico e de origem da máscara oriunda das etnias Puno ou Baulé, que compõe o acervo museográfico da Cafua das Mercês, sendo assim classificada erroneamente ou, ingenuamente com uma origem duvidosa, destas duas etnias, com características artísticas e geográficas distintas. Ressaltando-se ainda a falta de esmero e tratamento adequado para com este acervo, que representa não somente um recorte histórico do Maranhão, mas um símbolo de resistência do povo africano escravizado no período de colonização. Realiza-se um análise das características formais e de estilo na produção de máscaras ritualísticas de ambas etnias, traçado um comparativo estilístico.
2. Descrição formal da Máscara
Por motivos de conservação e fundamentados no senso comum, não foi possível realizar um registro fotográfico do acervo, com ou sem flash, mesmo para fins acadêmicos. Segue abaixo um esboço e uma descrição realizados durante a visita:

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Fig. 1 – Esboço a mão da obra analisada*

Descrição: uma máscara feita uma peça única de madeira sem emendas, rachaduras e colagens; Tem o rosto pintado de branco, com marcas de desgaste do tempo;   Os lábios possuem uma pigmentação avermelhada. Próximo às duas fontes, orelhas, podemos encontrar quatro marcas quadradas em relevo, disposta em linha na vertical com a coloração vermelho sangue, outra marca similar pode ser observada em formato losango na parte central da testa, esta, com  nove relevos, possuindo também a mesma tonalidade de vermelho; As sobrancelhas, pretas, tem formato de meia lua com as duas pontas unidas da parte central do rosto, formando arqueado como um “m”; Os olhos são bem fechados, com um leve traço para os olhos e são ovalados  em   relevo;  As  orelhas  são  arredondadas  e  em relevo; O nariz  inicia-se pouco acima da altura dos olhos, sendo talhado de forma bem precisa e linear nos orifícios para respiração; O cabelo, marrom madeira, possui um formato de penteado bem peculiar com duas tranças laterais um pouco acima das orelhas e uma parte central bem acima da testa, todas em relevo e unidas por uma espécie de amarra lisa, que pode também ser observada na parte central e superior em formato pontiagudo para baixo; Observando frontalmente a máscara é ovalada com leves desvios na altura da boca para o queixo e na parte superior onde se divide o penteado; Lateralmente pode-se observar em destaque, a altura do cabelo, a testa avantajada e bem côncava, o nariz grande e os lábios bem carnudos; Pode-se observar ainda na parte lateral anterior ao formato do rosto e saltando para traz, deixando o queixo em evidência,  uma estrutura, marrom diferenciando-se do branco o rosto, com quatro furos de cada lado, provavelmente para serem amarradas outras partes da máscara, ou esta à cabeça.
3. Breve análise comparativa da Máscara Punu-Baulé
Tomando como ponto de partida artigo apresentado por Claudio Zeiner em seu site, onde apresenta as principais características da máscara Punu, podemos destacar o seguinte trecho:
“Suas máscaras representam os espíritos ancestrais e são encontradas no Gabão central. O rosto branco simboliza a alma do ancestral. Os belos penteados são característicos entre as mulheres Punu. Em alguns casos as escarificações aparecem bem marcadas. Atualmente mascaras desse tipo são usadas durante as celebrações e festivais. Raramente usadas em alguma função ritual. Os dançarinos usam para personificar os espíritos ancestrais masculinos e femininos. Suas principais características são os rostos femininos, os penteados com duas tranças muito usado pelas mulheres Punu, o nariz pontudo, sobrancelhas arqueadas e a boca fechada”. (www.claudio-zeiger.blogspot.com.br/2011/10/mascaras-punu-gabao)
Dialogando essas com a descrição da máscara analisada com as características propostas por esse pesquisador, podemos destacar como pontos convergentes a cor branca do rosto, o penteado característico das mulheres Punu e a aparições de escarificações bem marcadas. Outro autor num artigo sobre etnias africanas cita como uma das principais características das mascaras Punu a presença de escarificação frontal ou temporal, com formato losango de nove pontos (www.axeafrica.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=69&Itemid=82), presentes também na obra da Cafua.
Segundo o próprio Zeiner, em seu site pessoal, descreve sobre as características das mascaras Baulé destaca três tipos de produção dessa etnia, uma em especial correlaciona-se com a máscara Punu-Baulé presente na Cafua, pelos seus traços estilísticos, tais como: “rosto com feições realísticas ligeiramente arredondadas, queixo pontudo, nariz em forma de T, olhos semicirculares, escarificações proeminentes típicas da tribo Baulé e um penteado elaborado”. (www.claudio-zeiger.blogspot.com.br/2011/10/mascaras-mblo-tribo-baule-da-costa-do.html). Como podemos observar nesta descrição o rosto, o queixo, os olhos são também presentes na obra da Cafua. Então o que poderia diferenciar uma obra Baulé de uma Punu? Como dizer claramente que uma obra advinda da época da escravidão no Maranhão é de uma etnia ou de outra, já que diversas etnias foram escravizadas e aglomeradas umas com as outras? Dentre variadas etnias africanas escravizadas e trazidas para o Brasil, como dizer que uma ou outra veio para um lugar ou outro precisamente?
Alguns pontos são cruciais para uma análise mais precisa podendo destacar o local das escarificações e seus formatos, a forma dos penteados e os olhos fechados estas, sendo marcas muito características da produção Punu. Propondo uma analise visual a partir de fotos de máscaras das duas etnias sendo dispostas no lado esquerdo uma de origem Punu e outra Baulé, como segue:

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 Fig. 2 – Máscara Puno  Fonte: Alacase.net 

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Fig. 3 – Máscara Baulé Fonte: fournisseur-art-africain.com
Como podemos observar as duas máscara possuem escarificações laterais e na testa, mas distintas, possuem também um rosto arredondado e na cor branca, cabelos bem trabalhados e sobrancelhas arqueadas. No entanto, as escarificações do rosto abaixo dos olhos na horizontal da figura 2, máscara Baulé, são característicos desta etnia predominando estes traços dentro de suas produções, assim como a produção de escarificações na testa com cortes verticais. Como podemos observar nestas duas outras máscaras da etnia Baulé:

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 Fig. 4 – Máscara Punu Fonte: pinterest.com              

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Fig. 5 – Máscara Punu Fonte: artesaniadeafrica.com
Embora, a maioria das pessoas classifiquem a arte africana como uma “mão comum”, existem grades distintivas entre as diversas formas estilísticas de produção de máscaras, nestas, nota-se que os traços peculiares e exaustivamente explorado pelos artistas, ou criadores de máscaras, da etnia Punu, aproximam-se mais claramente das características observáveis na máscara analisada.  Outro elemento aparente na criação desta etnia é a forma côncava das mascaras observáveis na lateral, mais especificamente nas regiões da testa e da parte superior do cabelo, em oposição às mascaras Baulé. Ao pesquisar sobre as mascaras Punu, predominantemente encontraremos obras que possuem em sua composição formas ligeiramente associativas à máscara Punu-Baulé. Segue outros dois exemplos de produção Punu, que indiscutivelmente se aproximam nas formas de composição e elementos estilísticos presentes na obra da Cafua, onde podemos observar, “A escarificação frontal ou temporal, em forma de um losango de nove pontos, representa sua cosmogonia e evoca a noção de perfeição e sabedoria”. (www.axeafrica.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=69&Itemid=82)

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Fig. 4 – Máscara Baulé          

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Fig. 5 – Máscara Baulé  

Raul Lody em um de seus textos discorre que “a máscara é distintiva de classe,  de categoria profissional, de papel social, de demarcação de territórios de homens e mulheres, da criança e do adolescente e muitos outros”,  segundo esse pensamento podemos destacar que mesmo que a proximidade geográfica entre estas etnias, uma ou outra, não abriria mão de suas características formais, pois a produção de máscaras vai além de um objeto, tem conexão com seres espirituais ou representam estes.  Ainda dentro desta perspectiva pode-se pontuar a distancia geográfica dentre as duas etnias, uma da Costa do Marfim, os Baulé e a outra do Gabão, os Punu. Para agravar esse ponto de vista temo o seguinte dado antropológico:
“O Gabão tem cerca de cinquenta grupos étnicos. Se o Fangs representam um terço da população do Gabão, outros grupos étnicos dificilmente contam como algumas centenas de indivíduos. Culturalmente, alguns são forçados a fundir-se gradualmente em massa e perder a sua língua e suas peculiaridades”. (http://fournisseur-art-africain.com/pt/40-punu)

Com isso, de que forma a etnia Punu influenciaria os Baulé a ponto de modificar as características formais e as culturais a ponto de incluir novas formas de escarificações corporais, que também seriam representadas nas suas máscaras? Poderia um “artista” Punu sair de sua região geográfica, migraria para os Baulé e se instalaria como “fazedor de mascaras”, sem que ninguém se incomodasse com a semelhança estilísticas dos Punu? Seria possível uma escassez tão grande de artistas Baulé a ponto destes, atravessarem seis países só para sequestrarem os artistas Punu para que estes fossem seus criadores de máscaras, mesmo sem entender a profundidade cultural e identitária de sua etnia? Será que a produção Baulé da região da savana e a dos Punu da floresta, tem as mesmas características independente deste contexto?
4. Considerações finais
Segundo as referências apresentadas e a analise obtida durante este estudo, podemos afirmar que a máscara classificada como Punu-Baulé, que se encontra exposta no acervo museológico da Cafua das Mercês/MA, não poderia ser senão da etnia Punu, por seus traços peculiares de cabelo, escarificações característicos e cores utilizadas. Por outro lado, vale ressaltar com isso, a má organização do acervo, onde diversas objetos expostos, não  estão etiquetados, ou com etiquetas confusas que não contém épocas de aquisição ou de produção, tamanho, materiais e acima de tudo a falta de pesquisa diante de questões tão importantes como a classificação etnográfica correta das obras. Devemos entender o continente Africano como diz Munanga, não por uma unidade mas por “sua complexa realidade social, a África é composta por sociedades que tem cada uma sua individualidade cultural.” (MUNANGA, 2007)
Portanto, seria necessário além de uma reorganização do acervo, a contratação de pesquisadores de arte-africana e colonial, historiadores e museólogos para uma análise mais precisa das obras, artefatos e objetos, buscando tirar dúvidas acerca de suas verdadeiras origens étnicas e geográficas, épocas, para dessa forma, obter uma melhor apresentação e fruição do próprio acervo ao público deste museu, sendo o mesmo, tão importante para a construção histórica e artística do estado.

Referências

LODY, Raul. O negro no museu brasileiro: construindo identidades. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

MUNANGA, Kabengele. O que é africanidade. Vozes da África – Biblioteca Entre Livros. Editora Duetto, edição especial n.6, 2007.

D’áfrica, Máscara Punu – Disponível em: Acesso em 28/01/2014

Máscara Panu – Gabão – Disponível em:
Acesso em 28/01/2014

Máscara Panu – Gabão – Disponível em:
Acessado em 29/01/2014

Máscaras da Etnia Panu – Disponível em:
Acesso em 28/01/2014

Etnias Africanas – Disponível em:
Acesso em 29/01/2014

Máscaras Mblo – tribo Baulé da Costa do Marfim – Disponível em:
Acesso em 30/01/2014

Baulé – Disponível em: Acesso em 28/01/2014

De onde vieram os escravos – Disponível em:   Acesso em 30/01/2014

*Esboço realizado pelo autor do artigo durante visita guiada à Cafua das Mercês.

Graduando em Educação Artística pela UFMA.
E-mail: layobulhao@yahoo.com

Respostas para modos

Me pergunto: quem  engoliu a sociedade ? E o artista vomita e defeca no palco, eis uma resposta mais que precisa dos modos existência.

Sobre a instalação ‘tal qual a cor’

Fala um pouco sobre você: Nome, Idade, Nasceu onde, formação?
Meu nome Layo Bulhão, tenho 26 anos, sou Ludovicense. Sou graduando em artes visuais pela UFMA, mas acredito que minha principal formação tenha acontecido a partir dos contatos que foram sendo estabelecidos durante minha vida. Dentre os muitos que posso destacar e que ainda são minhas referências estão pessoas e artistas como: Urias de Oliveira/MA, Erivelto Viana/MA, Wilson Chagas/MA, Maurício Abud/RJ, Marcelo Evelin/PI, Ricardo Marinelli/PR, Cristian Duarte/SP entre outros. São pessoas que no decorrer de minha vida foram agregando valores humanos, artísticos e filosóficos que permanecem a cada nova criação que faço.
Como iniciou a sua relação com a arte e com quantos anos?
Meu primeiro contato com a arte foi com a poesia que desde os 9 anos de idade escrevia ou paras meus pais ou apenas pelo prazer pelo diferente. Sempre fui muito tendencioso às questões artísticas, desenhava Mangá e outros como Pokemón e ainda vendia para meus amigos da 5ª série que não sabiam desenhar. Comecei a fazer teatro com Urias de Oliveira e Erivelto Viana aos 12 anos e fui me especializando em diversos cursos oferecidos pelo Sesc, ou por grupos que passavam pela cidade. Aos 14 anos já era professor de teatro em projetos sociais e ONG’s, como a Plan-Internacional.  Mauricio Abud, já nos céus, fora talvez n este início de carreira a grande influência para meu pensamento de arte, ele tinha um pensamento de arte   como algo sobre humano e além de uma presença física, acreditava no poder transformado e espiritual da arte. Meu trabalho como artista sempre transitou entre teatro, dança, artes visuais, o que talvez fosse “estranho” para que eu pudesse ser encaixado nos festivais de dança e/ou teatro da cidade e do estado então sempre estava fora deste circuito por ser considerado para os de teatro como dança e para os de dança como sendo teatro. Atualmente sou integrante do BemDito Coletivo realizador do principal evento de arte contemporânea do estado o Conexão Dança que já está indo para seu 6º ano de execução. Participo da organização do Festival de Arte Contemporânea da UFMA e brevemente estarei realizando o I Festival Internacional de Videodança de SLZ – Dança Portátil que é uma arte pouco explorada pelos artistas locais. No mais sou fotografo, Videomaker, Web e Designer Gráfico, ou seja, para ser artista e nunca ter trabalhado até hoje em outra coisa, a não ser arte, tem que se tornar multi.

A proposta da exposição surgiu de que maneira?
A Instalação/Exposição “tal qual a cor” surgiu a partir de um convite da Técnica de Cultura do Sesc Paula Barros para realizar uma exposição no projeto Mãos à Obra, logo após meu retorno de São Paulo a São Luís, onde estava na Mostra Rumos Dança apresentando um recorte da experiência vivida na residência com Ricardo Marinelli/PR, artista que tem um grande arsenal artístico com relação as questões de Gênero, Diversidade e Sexualidade. Após o convite, fiz a decidi realizar algo como uma extensão deste momento vivido durante a residência e escolhi mais três artista que pudessem somar outras experiências e compartilhar as experiências vividas, que são Elvis Dean, Eduardo Gomes e José Mariano. O projeto inicial chamado “Diversidade para além do olhar” foi sendo modificado no decorrer do processo e por ser um projeto voltado principalmente para pessoas com deficiência visual e, dentre os artistas convidados um ser de  baixa visão, outro que foi perdendo a visão durante a vida e o ultimo que nunca enxergou, diversas necessidades foram sendo percebidas sendo a principal delas o transito entre a visualidade e sua ausência. Criamos então as “Tintas Aromáticas” como respostas a uma das carências principais destes artistas, que não mais necessitariam de outras pessoas para pintarem suas obras. Este trabalho, embora realizado em um período curto de 2 meses acredito que seus objetivos foram alcançados e que o resultado está principalmente na experiência e a instalação é somente outro recorte.
Qual a motivação do título da exposição?
TAL QUAL A COR. O título é uma extensão da própria instalação e não nomeia somente, mais agrega potencialidades à experiência a ser vivida dentro da Galeria de Arte do Sesc.
Qual o período da exposição?
A exposição terá sua abertura no dia 09 de Outubro às 19h e ficará aberta diariamente até o dia 01 de Novembro das 9h às 17h (exceto sábados, domingos e feriados).
Essa exposição é só coletiva? Quem participa com você?
“Tal qual a cor” contem obras colaborativas e individuais de quatro artistas sendo Layo Bulhão, Elvis Dean, José Mariano e Eduardo Gomes.
Quantas obras estão envolvidas?
Contém diversas obras que se completam em conceito e em experiência sensorial formando uma instalação artística.
Qual estilo e artista têm influencia nas obras da exposição?
São diversos mas posso citar alguns como: Ricardo Marinelli, André Masseno, Silvério Pereira, Arthur Barrio, Ligia Clark, Anish Kapoor, Fabio Vidotti, Paulo Cesar entre outros.
Qual dos seus trabalhos você mais gosta? Por quê?
Atualmente tenho me deixado contaminar por tudo que está a minha volta como potencialidade de vida e de arte, mas as experiências artísticas que mais me intrigaram nestes tempos estão principalmente nas obras de Marcelo Evelin, Thelma Bonavita e do artista maranhense das artes visuais chamado Thiago Martins de Melo cuja obra tem se debatido deveras em minha cabeça.
Diante de toda a dificuldade para a produção artística no Maranhão. Como você avalia o incentivo e a promoção desses artistas?
Esta exposição foi subsidiada pelo Sesc, que é um dos principais incentivadores da arte dentro do estado, mas não há incentivos por parte do governo para que os artistas, seja de qual linguagem for, para realizarem montagens, circulação, ou pesquisa.  Qual edital de incentivo nós temos atualmente para a arte? Nenhuma. O artista maranhense ou buscar outras formas de se manter ou sobrevive como pode.

veja mais no site do Projeto Tal Qual a Cor

O pensamento como matéria: saco dentro de sacos

Todo conceito (reticências), abre-se dentro de um buraco que se fecha, alegoricamente, um saco. A imagem projetada deste ambiente físico-imaterial realça a identidade de um corpo que se aproxima da catástrofe, um fim iminente e que expresso de outra forma, nos invade as sensações de agonia e de catatonia, império performático de um corpo ausente. Este estado performativo, da mente e não somente do corpo em causa ou nu, redimensiona as possibilidades do pensamento intrínseco ao objeto abjeto. Toda relação casual é necessária, escroto, morte, bloqueio, segurança, transporte, violência, lixo, necessidade, valor, uso, descartabilidade, inutilidade, reaproveitamento, não-comestível, degradação, oco, vazio, sem ar, colado, silencioso, ausência… este estado saco, propõe um olhar funeral ao homem contemporâneo, ou mesmo um retorno ao instintos maternais e de autogestão da matéria e do pensamento.
Segunda pele, plastificação do homem, banalização da carne racional, podrificação da racionalidade, isto é, um descarte do corpo para que a mente perca suas dívidas e a apropriação do presente seja manifesta.
A presença do outro (um público sem saber de si como público), desterritorializa a vida, um caos animalizado, uma imagem desumanizada do ser-mente e ser corpo, condição politica pré-arte que inviabiliza a moralização ética, econômica, estética, racional. Essa condição de inutilidade do humano demonstra, de certa forma, coisificação da racionalidade superior do mesmo. O inútil é descartado. Um corpo em descarte.
O que impele o corpo ao lixo e mesmo que sem razão, o atrofia no espaço de si mesmo sem a negação ou estima da existência? Ou então, de que forma projetar a subjetividade individual e manifesta-se no espaço, dentro de um outro estado de subjetivação social, cuja potencia desmaterializa o estado arte, o estado politico, o estado ação, o manifesto?  Estamos todos dentro de um saco, uns mais visíveis e outros menos temporais/materiais.  Estamos envoltos de varias camadas de “plásticos” e mesmo quando entendemos estar dentro de um – não há saída.
De que forma aquele corpo saco altera aquele que vê e/ou aquele que faz?

A referência borrada de si ou sobre pensamento profanado.

Sempre fico me perguntando sobre a logica de citação por citação, isto é, em ou qual logica isso se dá. Me pego citando, mas o que me incomoda na verdade é obrigatoriedade acadêmica de se fazer tal ação.
Não somos obrigados a saber quem disse primeiro, “o segundo é a mulher do padre”. Às vezes isso de dizer quem falou, escreveu algo, está relacionado a um pensamento posterior, ou seja, sobre um aprofundamento de um pensamento, que não é um pensamento anterior, mas como um pensamento como dispositivo, Agamben/Foucalt, que provoque algo além. Na arte ou para a arte, ainda menos nesta lógica. Menos lógica a tudo, na verdade.
Não há um porto seguro e tranquilo para pousar-se no pensar, nada está claro, nem escuro, nem sobre a ideia de vermos todas as cores presentes no universo ou mesmo a nossa volta. Deleuze sugere ao pensamento de Foucault a seguinte frase: “a lógica do pensamento não é um sistema racional em equilíbrio”.
Estamos em eterna suspensão, mesmo num passo após o outro.
Ao participar do/a Batucada, processo de criação de pensamento, ação, arte, micro políticas, intimidade, conflito, manifestação, percepção, pude me aprofundar este tipo de relação/citação/aprofundamento, sugerido anteriormente.  Marcelo Evelin, propõe uma orientação simples: ser o outro.
Mas que divagação inefável, eis a resposta rasa de um pensamento.
É neste sentido que reforço aqui a projeção que Foucault fizera. Marcelo em nenhum momento de todo o processo da por respondido o pensamento proposto a motes racionais. Foram 13 dias de extremos conflitos entre 42 pessoas ou com Marcelo ou consigo mesmo.
Diversas respostas, mas nenhuma correta, não é essa a busca. Quanto mais parecíamos estar chegando a algum tipo de acordo coletivo ou individual ou de dramaturgia, mais ainda o pensamento “do sobre” era questionado/explorado/explodido/fragmentado/desorientado. Um ponto de aprofundamento que se da na loucura ou na catarse iminente/emergente.
O aprofundamento vem não somente pelas suas questões respondidas, mas pelas questões não respondidas pelos outros, complexificadas na inutilidade, no caos e, tomadas para si. E  mesmo estas, cada uma após suas aparentes resoluções, devem ser guilhotinadas ou postas em xeque e de xeque em xeque, como dois reis e um cavalo, que mesmo em sua desistência ou afogamento deverá ser profanado.
Há uma referência borrada de si mesmo, cada rosto oculto, sem expressão aparente, propõe uma falsa ilusão de iguais, mas para Marcelo, este é o lugar do comum. No entanto gerar o comum a outrem desconhecido, não é como dizer: isto é água. Não aceitamos a ideia de ter parte do outro, desejamos o diferencial, o autêntico, o inovador, o protagonismo. Como esperar a necessidade comum sem propor algo? Como ser o idiota do outro e seguir sem imitar? Estar, não estar, podendo por ventura estar em não estar ao mesmo tempo e em mais de um lugar. Não estar em nenhum, não ser, sendo.
Perceber o outro como extensão de si, nos provoca uma corrente cadencial para uma logica necessária a um tipo de pensamento que deve ser profanado, antropofagonizado, mesmo que o olhar de um bêbado nos diga muito. Este comum talvez nos deixe menos corruptos de si. Corruptos no sentido de não sabotar-se ou saquear-se do presente, em sentidos, logicas de pensamentos e abstrações da própria realidade.

Referência
DELEUZE, Gilles. Conversações. Tradução Peter Pàl Perbart – Rio de Janeiro: Ed 34, 1992 (Coleção TRANS).
Batucada – Núcleo do Dirceu, Teresina/PI.
AGAMBEM, Giorgio. O que é contemporâneo? E outros ensaios. Tradução Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos, 2009.

Sobre estados linha e linhas de memória.

Onde há corpo há movimento, onde há movimento há criação de linhas.
O corpo projeta-se no espaço material de forma não-linear, isso ampliado em vários sentidos de entendimento, podendo recriar-se, momentaneamente, de acordo com o tipo de matéria que este corpo possui. Do corpo dos animais, ainda não incluídos os corpos humanos, estabelecemos uma relação corpo/movimento/linha, bem mais presentificada e fácil de ser identificada, de tal modo que a olho nu podemos perceber estes estados linha (algo como um tipo de materialidade da linha, subjetiva, inconsciente, psicológica), na visualidade da matéria. Tomo por exemplo a criação das linhas das formigas, que em movimentação constante, categórica e instintiva, orienta-se de um ponto x a um y, quase sempre à sua casa. De outra forma, podem perceber movimentos retos pontuais e circulares quando de alguma forma essa linha criada é interrompida, dessa ponto de vista as linhas tornam-se mais subjetivas ao olhar do espectador. Vale destacar aqui o voo das andorinhas, que estabelecem movimentações circulares uniformes de acordo com a circulação dos ventos, provocando uma materialidade para este através das linhas de memória, estas linhas são formadas pela permanência da imagem e memória, estabelecendo relações pisicopictóricas na visualidade.
Podemos pensar sobre estados de negociação entre a visualidade criada a partir da linha desenhada e da imagem projetada dessa mesma linha, ou outrem. Esta negociação pode ser provocada pela qualidade de acessar memórias ou por vivencias a partir da visualidade comum ou extra-comum (aprofundada na pesquisa e na percepção sensível), desse modo o dialogo estabelecido consigo, direciona o olhar a uma espectro projeção das imagens que antecedem a posterior, e assim sucessivamente. Posso destacar aqui, a artista da vídeo arte Nagi Noda que propõe uma sequencia reprodutiva da ação a partir da permanência visual do corpo no vídeo, sobrepondo imagens sobre imagens entre pequenos intervalos. Tal exercício já realizado na origem do cinema. Negociamos então, a forma de perceber o que não está exposto, isto é, damos origem a partir do momento em que há uma troca relacional entre o que é o que vemos e o que pode vir a ser. Os artistas da dança contemporânea brasileira Telma Bonavita e Christian Duarte, propuseram uma relação corpográfica, em dança, a este trabalho da Nagi Noda, intensificando neste sentido a ideia das linhas de memória. Este trabalho intitulado Nagi Infinitum cria-se a partir da projeção do movimento do outro e da permanência da ação física no espaço em direção ao posterior, por até cinco corpos à frente. O movimento da linha neste caso, da visualidade às linhas de memória que no caso das andorinhas, por exemplo, não permanecem no espaço. Ou seja, é a memoria presente do movimento e da linha do corpo no espaço.
Dentro da cultura oriental, posso estabelecer uma reação entre duas atividades que coorientam-se entre corpo e linha ou, com a desconstrução desta. O primeiro é o Butoh que estabelece uma relação da coluna com a possibilidade de uma profanação deste corpo, não no sentido religioso, mas no sentido humano e desumano. Esta linha/coluna é precipitada à quebra, a sinuosidade e a vetoridade que rompe o corpo da sua cotidianidade e de sua presentificação racional. A dança dos mortos, a dança das partes negras, sendo assim uma visualidade das linhas imaginarias do corpo que nos revelam o que o corpo nos diz. O segundo eixo oriental que podemos relacionar diretamente a este pensamento está presente nas artes marciais. Por exemplo, dentro da criação dos Kata’s que é ensinado a partir da imagem que o corpo desenha no espaço e não somente a que permanece no chão. O Chi Kung, primeira arte marcial chinesa que originou todas as outras artes marciais orientais, nos provoca sobre estes estados físicos/espirituais. Está arte marcial nos fala como fundamento, sobre uma linha que liga o corpo humano/terra (pés, coluna, cabeça), a estados espirituais/cosmo/céu. A linha neste caso é vista ou sentida por uma espiritualidade sensível.
Relacionando a linha com a dança a partir uma de minhas criações, posso citar a experiência pictórica do Mande in, que propõe-se não somente a realizar uma composição coreográfica livre efêmera, mas também a criar uma visualidade real ao movimento. Em um dos momentos-ação deste trabalho, estabeleço juntamente com Thiago soares, performer coautor, a captura do movimento a partir do desenho de contorno por linhas, o mesmo realizado por peritos criminais em casos de morte no trânsito, estes desenhos vão sendo sobrepostos um ao outro. O desenho movimenta-se como dança e linhas de memórias vão sendo estabelecidas entre a negociação dos corpos dos performers e a imagem criada do/entre o público-performer.
A observação sensível para a vida nos projeta relações adversas à experiência do existir e do existido – revela-nos a possibilidade de um agir conceitual sobre a materialidade do simbolismo e da desmaterialização de leis estabelecidas pelo comum. Benjamin que diz que somos forçados a reconhecer que a concepção das grandes obras se modificou simultaneamente com o aperfeiçoamento das técnicas de reprodução. Mas de que forma podemos acessar este tipo de concepção ou de entendimento, já que as formas de apreciação e de reconhecimento perpassam outras singularidades que não se enquadram em modos de fruição específicos, tais como reações, sensações e historicidade do publico? Ou como partilhar essa experiência sensível? De toda forma, provoco aqui a relação imagética, sensorial e perceptiva sobre a vida e a arte em experiência simbólico-material, ou de outra maneira, instigar o pensamento poético para a existência humana.

tadashi endo nagi infinitum chi kung andorinhas de riachão nagi nodamande in
Referências
RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. São Paulo: Editora 34, 2005.
BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas. Vol. 1. Magia e Técnica, arte e politica. São Paulo: Brasiliense, 1994.
GOMES, Fernanda de Oliveira. O espectador-performer: a exposição de si no cenário das tecnologias digitais. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2014.
MANDE IN. Disponível em http://www.layobulhao.wix.com/mandein acessado em 28 de Janeiro de 2015.
Nagi Noda. Disponível em:
http://www.magedesign.com/pleasure/wp-content/uploads//2011/08/naginodasfilmstill
acessado em 29 de janeiro de 2015
Chi Kung. Disponível em:
http://www.developyourenergy.net/wp-content/uploads/2010/12/chi-kung-balloon.png
acessado em 29 de janeiro de 2015

Uma flor amarela (para Marcelo Evelin e suas lembranças do Japão)

o silêncio me evoca sempre verdade
que talvez nem se possa sonhar ou tocá-la
quiçá em um istante azul
comê-lo com sushi
derramá-lo sobre um tapete escrito welcome!

– beijar ou se agarrar a uma decisão?
não verborragizar verbogonizar
não baforizar explodir
não suspirar deglutir

engolir um buraco negro
regorgitar uma flor amarela.

Layo para Marcelo

O que é Arte Contemporânea?

Acredito que para saber o que uma coisa significa ou se qualifica e, não temos clareza de por onde iniciar esse processo, de algo que posso chamar de coisificação, devemos partir do princípio eliminatório, que neste caso seria o que não é arte contemporânea ou o que já foi classificado/denominado/conceituado de outra forma.

Não é vanguarda. Não é modernismo. Não é arte pop. Não é op art. Não é minimalismo. Não é expressionismo abstrato. Não é performance arte. Não é nudez. Não é vídeo arte. Não é teatro, nem dança. Não é circo. Não é Funk. Não é música. Não é não saber o que é. Não é tudo. Não é nada. Não é o vazio. Não é algo estranho. Não é Marina Abramovich, nem Cristian Duarte. Não é dançar sem música. Não é gromelô. Não é body art. Não é um produto industrial numa galeria. Não é saber dizer o que estou vendo além do que a obra me mostra. Não é design. Não é instalação. Não é tudo ao mesmo tempo agora. Não é sensorial. Não é frame, nem desframe. Não é desmatrialização. Não é arte eletrônica. Não é uma fôrma, nem uma forma. Não é grafite. Não é bricolagem. Não é nudez. Não é bichice. Não é palavra. Não é Move Berlin, Kunsten Festival Bruxelas, nem Rumos. Não é web art. Não é fotoperfomance.  Não é um aplicativo para smartphone. Não é nenhuma figura de linguagem. Não é efêmera, nem permanente. Não é sample. Não é falar, nem ficar mudo. Não é algo novo, nem artigo. Não é algo a ser inventado. Não é o hiper realismo ou o realismo de novo. Não é arte com mortos. Não é hibridismo. Não é transmidia, ou qualquer outro trans. Não é uma seita. Não é um par de coisas que ainda não escrevi aqui.

A coisa do contemporâneo vem como uma tempestade de suposições, ideias reprimidas, conceitos mau acabados, dissenso,  controvérsias. Mas a final o que poderia ser a tal arte contemporânea? Em 2011 estava em uma palestra da Professora Profª Drª Tereza Rocha intitulada “tudo o que você queria saber sobre dança contemporânea e tinha vergonha de perguntar”, no entanto a resposta veio como um não sei, para a pergunta “o que é dança contemporânea? Então como descobrir, se nem seccionando a própria arte, não encontramos uma definição clara? Será que essa secção dentro da arte produzida na atualidade? O que é o contemporâneo na verdade? Quem são os contemporâneos?

Segundo estas questões podemos subscrever o pensamento sobre o contemporâneo, do filósofo Giorgio Agamben que o descreve como:

“(…) singular relação com o próprio tempo, que adere a este e, ao mesmo tempo, dele toma distâncias: mais precisamente, essa é a relação com o tempo que a este adere através de uma dissociação e um anacronismo. Aqueles que coincidem muito plenamente com a época, que em todos os aspectos a esta aderem perfeitamente, não são contemporâneos porque, exatamente por isso, não conseguem vê-la, não podem manter fixo o olhar sobre ela” (AGAMBEN, 2009)

            Mas como identificar uma artista ou obra, contemporâneo neste sentido, ou de outra forma, como poderemos saber o que é arte contemporânea? Dentre mais diversos discursos sobre o fim da história da arte, decadência da produção artística ou ápice, podemos portanto identificar um dissenso que para Jacques Ranciere não se configura somente na valorização a diferença e do conflito sob antagonismos sociais, opiniões divergentes ou multiplicidade de culturas, para este pensador o dissenso é acima da “diferença dos sentimentos ou das maneiras de sentir que a politica deveria respeitar. É a divisão no núcleo mesmo do mundo sensível  que institui a politica e sua racionalidade própria” (RANCIERE, 1996). Neste sentido devermos entender estes paradoxos ou multiplicidade de olhares, pensamentos e identificações da arte/vida presente como o amalgama da ressonância do estar contemporâneo.

Provavelmente não haverá um surgimento de um título que enquadre todas as produções artísticas da humanidade e nem nunca houve, no entanto foi-se convencionado a partir de um pensamento dominante eurocentrista que se deveria seccionar o processo “evolutivo” e nada que não está dentro destes parâmetros é primitivo, atrasado ou de menor valor, tais como a “arte primitiva africana” (ou a “arte ainda primitiva africana”) e a tradicional (no sentido de pejorativo) arte oriental”.  Será que deveríamos propor ainda, uma arte de classes? Isto é, não necessariamente no sentido sócio-politico, mas filosófico, histórico, antropológico.

O conflitante desejo de identificar um conceito para arte contemporânea, perpassa pela imprecisa linha de criação dos artistas, que hora retomam ideias  tradicionais de pensamento como do artista Ron Mueck e a retomada de um realismo, mesmo que hiper, hora hibridizam como a videodança, hora criam novas formas de percepção e sensibilidades fruitivas através de obras sem classificação de linguagem ou com linguagens altamente subjetivas ao artista.  A menos que este conceito seja deveras generalista, ou tão precisa quanto distante de si, dificilmente haverá uma classificação direta para a produção contemporânea, ou criar-se-ão diversos movimentos, onde em alguns casos o próprio nome do artista será o suficiente.

A arte contemporânea configura-se dentro de uma produção cada vez mais vasta e de difícil conceituação, mas isso não por falta de distanciamento ou de ausência de filósofos, mas pelo fato de nem tudo ser dito com palavras.  A resposta desta questão é retóricamente infinita: o que é arte contemporânea?

(cont.)

 

“arte é uma gue…

“arte é uma guerra inconstante, principalmente pra dentro de si”

(Layo Bulhão)

Arte Contemporânea no Maranhão

Há de se convir que a arte no Maranhão é conhecida principalmente pela grande efervescência da cultura popular, bumba-boi, cacuriá, tambor de crioula, Dança do lelê, entre outras, isso não quer dizer que a produção artística seja resumida somente a essas formas de expressão. Podemos perceber com isso que a força da tradição ainda supera as produção de arte contemporaneidade, mas isso é ruim? Embora se evidencie a produção mais popular da arte isso não quer dizer que não há uma produção diferenciada dentro do estado e embora se pense num atraso artístico, prefiro acreditar que esse tipo de afirmação é um tanto equivocada e carregada de pré-conceitos de uma cultura dominante.

Alguns artistas tem se destacado por sua linguagem singular e por suas potentes formas de expressão e inserção dentro do cenário nacional e internacional, mas pouco evidenciados dentro da cultura local. Artistas estes, que tem explorado variadas vertentes artísticas, tais como dança,  instalação, pintura, fotografia, performance, vídeo arte, videodança. Mas onde estão estes artistas? Logo, surge essa pergunta e a respostas surge como uma outra pergunta, mas retórica: que tipo de arte estamos buscando e onde? Acredito poderíamos também substituir essa pergunta por: onde estão os críticos e curadores da obra de arte maranhense? Não há críticos e com isso não se sabe o que se produz; não há curadores, pois não há espaços para a intervenção e pesquisa do artista e; quais as pesquisas acadêmicas e onde encontrar as que foram feitas, se foram. Com isso os poucos artista que produzem, acabam por produzirem a margem, fora do estado ou com recursos próprios oriundos de outros tipos de trabalho.

Dentre estes artistas que produzem dentro do estado podemos citar por sua estética não tradicional ou convencional apropriação de outros espaços para criação de suas obras: Marília de Laroche (fotografia, arte urbana, performance), Erivelto Viana (performance, dança), Raurício Barbosa (body art), Marcio Vasconcelos (fotografia, performance), Thiago Martins de Melo (pintura, performance), Gê Viana (arte urbana, performance), João Almeida (tipografia artística, artes visuais), Efeito Colateral e Furta Tinta (coletivos de grafite), Porcolitos (intervenções urbanas), Bruno Azevedo (escritor), Celso Borges (poesia), Tairo Lisboa (filme experimental), Wilka Barros (performance fotográfica), Uimar Junior (performance), Ton Bezerra (performance, pintura),  Maria Zeferina (Arte Urbana),  Tieta Macau (Dança, performance), Kenny Oliveira (arte não especificada), Diones Caldas (vídeo arte), Lucian Rosa (cinema), BemDito Coletivo (performance, Intervenções urbanas, dança).

As únicas mostras de arte do Estado são: Semana de Dança e a Semana do Teatro, mas que possuem critérios muito específicos de aceitação e seleção dos trabalhos “nada que não entenda no ato em que vejo poderá entrar”, recorte de pensamento próprio. Outra importante mostra, mas essa realizada a partir de iniciativa não governamental é o Conexão Dança que neste ano está em seu sexto ano de execução que propõe outro olhar sobre a dança contemporânea e performance, mas e as outras artes onde podemos fruir o que está além das pinturas de faixadas de casarões e barquinhos ao por do sol?

Neste contexto o Festival de Arte Contemporânea/MA, tem se proposto desde o ano passado a explorar estes tipos de questionamentos e a dar visibilidade ao artistas que produzem obras que  não são aceitas em mostras de teatro, dança e artes visuais do Estado, assim como de outros. Propondo além das apresentações, exposições e demonstrações de processos, a discursão de temas relevantes para o campo artístico, palestras, rodas de conversas, ou seja, o pensamento crítico para o artista e para o público.

“com que língua você fala”. É uma pergunta? mas onde está a interrogação? O artista na contemporaneidade propõe, quase sempre em sua obra, a mesma sensação que esta pergunta sem “?” nos causa, desconforto, inquietação,  reflexão e acima disto, nos força a participar diretamente da obra e não somente estar num lugar de conforto e comodidade, onde somente me alimento do que vejo, escuto, sinto e não tenho nenhuma necessidade de pensar ou realizar o que podemos chamar de feedback, retorno para ao obra, o outro ou meu redor ou para o artista.  Portanto, o FAC, surge como a ponta refeita de um lápis, para continuar a escrever nas mais diversas línguas da arte, possibilitando o convívio harmônico entre as expressões artísticas contemporâneas e as tradicionais. 

Oficina de Pensamento com Marcelo Evelin

como nos colocamos em algumas ideias mesmo que fragmentadas… necessário ou não queremos interagir com isso….

como pensar a oficina de pensamento?

trabalhos em processos e formas de apresentar isso…

o que vem antes do trabalhos…. seu posicionamento sobre o seu trabalho…. estar ou não estar… exercitar um posicionamento…

posição do artista, posição do público….

qual a base de estar junto? tem que ser artística.

prática e pensamento junto…

automatismo? Até que ponto vou estar envolvido de outras formas no meu trabalho?

ouve-se ainda

 

uma criança chora. quase não há tempo para rezar na missa. um outro galo morre. alguns minutos de silêncio. uma multidão arremessasse para fora do recinto. são 19 de junho. quantos pássaros sobrevoam aquela igreja? a arma. perguntas-me. um menino corre e cai em um buraco. 34 pessoas olham uma falar. a mulher de vestido verde manchado passa novamente à minha frente e sorri. a pedra atinge o pássaro. um padre fica nu. o banheiro está entreaberto. chão frio. um cachorro aparece. o sino 9 vezes toca. alguém liga ao telephone chorando. quem é Stanley? há sangue. você sabe? a menina se masturba. o objeto voa. o moto chega. mãe? o corpo de Jesus é queimado. vários homens de branco aparecem. uma olhar estranho. na arvore estão as letras S e J. uma velha é pisoteada. uma frase atordoante. ouve-se um tiro. uma cruz de cabeça para baixo tatuada em seu corpo. as penas não são gostosas. não há como sair. olha o sorvete! quem está lá em baixo. grito coletivo.  uma  mulher nua.  um corpo  no  chão.  última  badalada. sexo proibido. a morte.

blog sem número

Existem aproximadamente 650.000.000 de sites e blogs espalhados pelo mundo e crescendo. Nunca poderia imaginar que o meu blog no Brasil estaria entre os 2 milhões mais acessados, isso se pensando que é um blog pessoal e um blog de arte. Não faço essa nota por nada em específico, mas fico pensando o que fazer de arte com isso?

alguém tem alguma proposta?

Coabitar

Com o advento de um novo estado (condição) de viver em sociedade, que não mais dividida por territorialidade, isto é, quando se pode ou não acessar ao tecnoglobo. O homem contemporâneo avança a cada novo bit e em frações de segundos podemos ter quase que palpável a informações de todo o mundo. Contudo esse fator que nos move e move o mundo atual pode ser visto como uma extensão do corpo humano, como uma prótese, um hardware que se habilita cada dia mais para uma fusão completa ao homem e isso em estado literal. Chips implantados no cérebro humano podem ajudar a pessoas a retomarem o controle sobre membros paralisados, ou mesmo a audição para quem nunca ouviu. A humanidade esta se adaptando a um novo modo de viver tecnocentrista em que o social é virtual e o não virtual somente se concebe com a necessidade. As informações de papel como livros, jornais, revistas, cartas toda e qualquer forma de se comunicar estão cada vez mais virtualizadas e quem não se adapta acaba se tornando um mero leigo espectador de uma tecnologia que se renova a cada novo dia.

Esta prótese contemporânea é inviolável. As sociedades tecnológicas estão cada vez mais submissas. Atualmente quando escuto alguém falar em violação do espaço, penso em que espaço do outro espaço é esse? Somente imagem de um corpo que co-habita com o espaço, como um objeto, como um objeto que coexiste.

Shana que se supera, Shana que escreve, Shana que sonha, Shana e a ciência do Justo, Shana em chamas.

    Talvez tenha entendido somente nesta ultima visita artística do 1000 casas o que realmente isso significa. Não é somente invadir e apresentar; não é somente levar sua resposta; não é somente dar uma significado dominante sobre as ações que fazemos; não é somente registar; não é somente transitar sobre uma ideia de performatividade. 1000 casas é dar e receber possibilidades de sonhar e mais do que isso, de realizações. O artista sai de sua casa na direção de outra casa e tem que levar consigo um pensamento aberto e um olhar a purado para se adaptar e filtrar seus proprios desejos para fazer sua ação. Performar na casa tem um carater social e por causa disso o fazer artístico tem que fazer uma troca com o anfitrião. As barreira que separam o artista, a arte e o público são rompidas e são geradas com isso possibilidades de ganhar amigos, mas que público.


A fotografia na casa e por causa de Shana de Sousa passeou por diversas sensações que puderam interagir de forma de forma significativa no registro. Desde o instante em que chegamos na casa do Wilson, ou melhor Shana, fomos recepcionados com muita alegria e pra minha surpresa além de uma grande artísta piauiense e com um carisma sem igual, ele possuia ou melhor mandou construir com recursos prórios um teatro em sua casa. Seu teatro ainda esta com um palco simples e com paredes sem rebouco, mas quando ele fala em seus projetos todos são transportados a um teatro dos mais belos e talvez nunca visto, pois este é feito da materia que contitui um grande sonho. Enquanto registrava a ação “catatônicas” diante de tudo, lagrimas rolavam sem nem perceber não sei de mim ou se da câmera.
Para Shana a emoção era tamanha, talvez aquela tenha sido a primeira apresentação e com público (seus amigos e vizinhos) em seu teatro de sonhos. O registro visual que fizemos quiçá deve conter um terço sensitivo do que a própria Shana fez,onde tirava fotos e fazia videos passeando pelo palco, público e também registrando nós que registravamos, sua alegria pode ser vista em casa foto, em cada segundo de vídeo e provávelmente em cada instante em que está em seu teatro. Podemos pensar 1000 casas como sendo literalmente1000 teatros de sonhos, possiveis.

o silêncio me evoca sempre verdade
que talvez  nem se possa sonhar ou tocá-la
quiçá em um instante azul
comê-lo com sushi
derramá-lo sobre um tapete escrito welcome!

– beijar ou se agarrar a uma decisão?
não verborragizar     verbogonizar
não baforizar                    explodir
não suspirar                     deglutir

engolir um buraco negro
regorgitar uma flor amarela!

Entendendo o que pode ser artísta objeto

image

informação, pensamento, artista objeto, artista e objeto, objeto da arte, performatividade, a forma com que as informações são impostas sobre as pessoas mundo e o ciclo de informaços falsas compreenção do artista como o próprio conceito do ele esta fazendo performando. A intenção do artista esta em questionar interagir, dissimular, transformar, por o dedo nas ferida da sociedade, por o dedo nas ferida do ouvinte que interage com a obra sempre, se nao há interação não há cambios de estado e se o artista se propõe a ter instantes tenues de sua performatividade rachados ou pelo menos jogando pedras nos pilares que estabilizam as pessoas, por que não fazê-lo então? o objetivo do artista esta em expressar que pode nem ser tao claro para ele, no entanto essa expressao deve de alguma forma alcançar o pensamento da pessoa que o vê e consequente do proprio artista. Arte tem, ou ja teve seu carater informativo, todavia nao deve permanecer nesse sistema o tempo todo. o ciclo de vida da arte gira e sua forma (desforma) deve ir como bola de neve que cai de uma montanha cresce agrega e modifica o espaço percorido. A arte é egogentrica e sempre fala de si, mesmo quando o não quer ou se pensa nisso. A arte deve ser um grito que se constroi ou se destroi enquanto se faz, não há como prever resultados, somente intensões de fins que podem viver ou morrer de pessoas por pessoa ao ver a obra sendo executada, nem mesmo uma pintura, dita pronta, pode ser definida (quiça suposta paisagem), a imaginação, os contextos históricos de quando a obra foi feita e o atual, a historico social de cada individuo, o que rola na internet, tudo influencia na forma de ver, de pensar de se questionar sobre o que esta acontecendo.
Bola, planeta, globalizaçao.
O artista nao deve se fechar e pensar em que o que ele faz “é”. Contato, conexão, desturbio, turbulência, aprendi que tudo se relaciona e como nao pensar em arte viva, artista objeto da arte e nao o inverso, o artista nao impõe, mas interage consigo, com o outro e com a resposta da explosão que isso causa no espaço e na obra em si e em quem e como se vê, enbora ver seja ainda fraco demais; interator, fruidor sei lá, algo por ai.
Quero entender o que poderia ser artista objeto, mas definir o que seria esse artista objeto em palavras exatas seria uma tanto arte forma de responder, metalinguagem.
Artistas frustrados, artistas jovens, ansiões da arte, artista bacante, artista de rua, artista contemporaneo, o que o artista pensa o que o motiva a fazer arte e ainda mais em uma país como o Brasil?
O pensamento do artista esta em cada olhar ou fechar de olhos que o presencia.

Censurar arte, mais velho que “do tempo em que minha bisavó dançava rock”

Catatônico nem acredito direito se isso é verdade. Censurar arte por ignorância, quer dizer nudez. Isso é tão tolo que chego a pensar que quem fez isso ou tem vermes no lugar de miolos ou tem serios problemas sexuais de autoestima. Quem vai entender a cabeça de alguém assim – proponho um ufologo ou um arqueologo!
Corram todos peguem seu papeis e canetas e comecem a escrever seus pedidos para o Papai Noel, pois se ainda existe censura assim com certeza posso afirmar que ele esta por vir.  Aqui na Holanda hoje está friu pra caralho, mas por incrivel que pareça se alguém me disser que está mais friu em Teresina e mais especifico ainda Núcleo do Dirceu, vou acreditar sem pensar muito. 
Como acreditar que tem pessoas (provavelmente envolvidas com a arte) que veem a arte assim pelo Piauí, entre aspas e vespas.
Nem sei que verbos utilizar grunir cuspir cortar matar punir cagar tapar vendar sujar mijar pular cantar dançar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar cacatônizar…
Ah… e se minha Bisavó dancava rock eu nao sei, só sei que se ela dançasse hoje com certeza dançaria como no “mono” nua em todos os lugares, exceto onde estiverem os letreiros em neon “não há lugar pra expressão”.
mas será que é vergonhoso para quem censurou, para o censurado ou para quem nem pode dizer o que pode ou nao ver?
e como aprendi com amigos italianos VAFFANCULO censuradores!

quanto mais procuro me perco quanto mais me perco me tono mais tolo ainda e tolo na minha ingnorancia pecebo que ate os vermes amam mais do qu’eu – os olhos da afrodite me negam o desejo e deixam plantados em mim um regalo de poesias mortas quem me disse um dia que comer pedras quebrarim os dentes? meus calos de amor me dominam o pensamento quero eles por um segundo de poesia e só quem pode domar meu coração se nem mesmo sei onde posso coloca-lo seguro calar meu silencio de dor de inconforto de interferencia pacifica? não quero promessas nem cobranças quero um gole puro de amor delirio.

MATA DE OURO

Matadouro - ensaio antes do Japão

Mata de ouro densa que invade como facão na carne, o outro/eu e sem perceber estamos a andar na corda bamba, entre tiros, num ônibus sendo assaltado, numa chacina, numa vibração entre a vida e a arte.

E como diria Castro “estamos em pleno mar” e em tempestade continua, estamos em um Wall Street, estamos em um Bacanal, estamos em Canaã, estamos em terra sem lei, estamos em leis sem terras, estamos em Tsunami, estamos como Guesa Errante, estamos todos um, estamos todos outros. Corpus Nus Crus Cús em acoites (deles, meus e teus).

Amazônia, Babel, Inferno, Firmamento, Marte, Guilhotina, Brazil, Inquisição, Pensamento na Cadeira da Elétrica, Cloaca do Mundo…

MATA! MATA! MATA!, ouve-se os gritos e tudo é interrompido.

Estamos todos mortos mais que vivos. Dia-a-dia, MATADOURO.

BAFO – Núcleo do Dirceu – 1000 Casas

Quem vai para o BAFO não fica somente assistindo como espectador, mas é convidado a agir com o Núcleo do Dirceu em suas atividades. Fui convidado por Marcelo Evelin fotografar, ou melhor documentalizar o multirão de performances que seguiram em algumas casas do bairro do Dirceu, em Teresina-PI. É bom ver a arte em movimento e como isso pode transformar a vida das pessoas. Foi uma experiência nova, mas que vai ficar marcada por muito tempo. 1ooo Casas é a verdade do artista em contato com a verdade do seu público.

Quando se quebra esse barreira Artista/Espectador é que a arte ganha intensidade na sua expressão e realmente age. Para o público: transforma o estranho/arte em uma nova forma de percepção cotidiana, ja para o artista: ganha um amigo, um ouvinte, um  olhar, uma nova forma de agir em seus conceitos de afazer/agir criador.

O projeto 1000 casas do Núcleo do Dirceu funciona como uma arte express, ou um Disk Arte (sem ser preciso ligar), onde os performers adentram nas casas de pessoas simples que talvez nunca tiveram acesso a arte  e propiciam um verdadeiro banquete para as pessoas se deliciarem (ou serem questionadas através) dela. 1000 casas não é somente performance, mas valorização do outro, ser humano.

Ir de encontro ao publico e só uma parte deste projeto, o mais importante é o que acontece durante a ação performática [em uma das performaces Cleidinha dança em todos os espaços da sala, quarto, cozinha, de pé, de cabeça para baixo, girando, pulando, contorcendo… A Dona da Casa* enrolada na toalha, a vontade, a observa quase sem piscar o que acontece em sua casa], ao sair da casa [ no rosto dela um ar de contentamento ou de “o que aconteceu aqui?”, ainda estou em dúvida], mas e depois que a artista for embora? o que muda na sua rotina? o que muda em sua forma de pensar arte? somente de uma coisa tenho certeza, nunca mais ela ira esquecer que a arte foi lhe visitar, e na hora do almoço!

* não acompanhei a abordagem completa, estava mais tirando as fotos e observando de forma geral que acompanhando a Cleidinha. Pois isso não sei o nome da Dona da Casa.

Sustentabilidade é ato cotidiano!

Sustentabilidade é um conceito que se relaciona diretamente com a continuidade ou permanência dos aspectos econômicos, sociais, culturais em consonância aos ambientais naturais do planeta de forma equilibrada.

Este termo atualmente é utilizado principalmente por grandes empresas como forma de disfarçar a degradação ao meio ambiente que os mesmos o fazem. No entanto, não há como correr, faz-se de extrema necessidade abrir os olhos da sociedade para a relação homem/natureza, pois não há futuro sem pensar no presente. A sociedade deve ser e si conscientizar que a natureza e os diversos ecossistemas são e estão relacionados diretamente com a sobrevivência do homem na terra.

Preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma consciente, isto é sustentabilidade.

A sustentabilidade deve acontecer principalmente pelas grandes empresas, mas não tira a responsabilidade de uma cidade, bairro ou individuo, sustentabilidade deve ser ato cotidiano de cada cidadão.

silêncio

O eco da palavra

Retorna como ego

O ego retorna eco

O eco retorna cego

O cego come o ego

O ego come o eco

O eco come o silêncio

O silêncio come tudo.

entre

 

Se Entreaberto

Ficar-se-ia Entristecido

Então entre instantes

Ficar-se-á Entrefechado

A tristeza rirá

O PROBLEMA É QUE MEU OLHO NÃO OLHA NOS TEUS

O PROBLEMA É QUE MEU OLHO NÃO OLHA NOS TEUS

 

Se Nosso  gozo  é  bisonho

Se  Nosso  povo  é escravo

Se Nosso sonho é inviável

Se Nosso corpo é violável

 

Dou-te uma pedra

Uma grade

E um país em branco

 

O que ireis fazer?

(Layo Bulhão)

origem

origem

 

O OvO

Canta  seu   cortejO

Beijando   a   face   do   povo?

A TV ignora  o  teu rosto  e  lhe reduz?

Estamos todos juntos ou estamos todos presos?

Araras são lindas enquanto voam?

Porque tantas velas acesas?

germinados do silêncio?

nunca saberemos o que é inocência?

o que veio velho e que morreu escroto?

nunca saberemos viver alheio

ao acaso de inconstâncias

descompasso de estórias fétidas

contadas a um povo sem amor próprio

ou será que seus discursos são divinos?

 

deu-se tudo em nossa terra

ferida / punida

fecunda e enojada

fodida mas submissa

 

bom mesmo é ser verme

ser solúvel

ou ser o pigmento do nada?

ser verdade nunca dita

ou ser pó?

 

a realidade boceja numa fotografia

de políticos e crianças rindo

 

 

 

[a

a

tirei

o pau na

infância

cia

ci

a]

sem piedade

não há nada comum

em não permitir infante instante?

querer corpos como  queijo

corpos como verbos mortos mas verdadeiros

(somente para si)

receptáculos da

sombra na pátria?

anais disformes embevecidos de sonhos dos pobres

comem bocas ao dilatar idéias imorais?

onde esta tu, oh mãe gentil?

 

subir nos palanques

neste país

como

quem

atira

em

borboletas coloridas

com

flores

nas

mãos

nunca espere

Nunca espere:

 

política

beleza

idéias

 

Vire árvore.

O HOMEM

 

Oar homem norio

Fazgri umtan silênciodo

28pa milra segundosdo

baratas e roupas to seucam rostoe

(ouve-se)

eusou teteu amopor, meuum amordia.

 

 

Querem que você leia com gelo na boca

QUEREM QUE VOCÊ LEIA COM GELO NA BOCA

 

a Boca                                                                                         enquanto salivam-lhe as idéias

Estufa-se                                                                                                rindo gemidos

no Céu orifício

o cubo LOBO                                                                                                   (quase translúcido)

se derrete                                                                                 em silêncio quase balbucia

vertendo                                                                                             verbos impraticáveis

den[dentro]tes

caninos da república                                                                          SOLUÇÕES

Voluntárias                                                       e                                              sem discurso

[quanto

pagas

por meu

Oxigênio?

 

 

tornam-lhe monocromático

e ao vomitar (em sua caverna)

percebes que não

há mais frio

MAS UM BIGODE PRETO

no meio de sua essência

 

(Layo Bulhão)

Como fazer um projeto?

Roteiro de perguntas que facilitaram a concepção do seu projeto.

Responda de forma direta e objetiva. Depois junte todas as respostas e acrescente se for necessário mais algum detalhe. Seu projeto estará pronto. BOA SORTE!

Dúvidas entre em contato pelo e-mail: layobulhao@yahoo.com

Apresentação

• O que é o projeto?

• Qual seu objetivo geral?

• Quando e onde será realizado?

• Quais são os principais envolvidos?

• Qual o público-alvo?

Justificativa

• Em que contexto se insere o projeto?

• Qual sua importância neste contexto?

• Por que foi pensado e proposto?

• Qual seu histórico (se houver)?

• Qual seu diferencial?

• Qual a experiência do proponente?

• Já foram desenvolvidas outras ações para o público-alvo do projeto pelo proponente?

Objetivo

•O que pretende com o projeto?

•Para que foi pensado e proposto?

•Qual o objetivo geral e os específicos do projeto?

Metas

•Quais são as metas a serem atingidas a partir dos objetivos do projeto?

•Quais são os benefícios culturais, sociais e econômicos derivados do projeto?

Estratégias de ação

• Qual a programação do projeto?

• Como ele será realizado? Existem etapas distintas? Quais?

• Quem são os responsáveis por cada etapa? Que atividades desenvolverão?

Público alvo

• Para quem o projeto foi pensado e proposto?

• Quais são as características (perfil) do público pretende atingir?

• Qual a estimativa de público?

Avaliação dos resultados

• O que precisa ser avaliado?

• Como pode ser avaliado?

• Como será apresentada esta avaliação? E para quem?

Cronograma

• Em que período as ações/etapas do projeto serão realizadas?

Orçamento

• Qual o custo de cada etapa do cronograma?

• Quais valores unitários e totais?

• Quais são as fontes previstas?

• Quanto será solicitado a cada fonte?

• Qual o valor total do projeto?